quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Seja fino até na balada!

Se você é daqueles que fica parado conversando na pista de dança, saiba que está cometendo uma gafe. Também não é nada elegante fazer trenzinho para dançar com a galera passenado de um lado pro outro na pista e trombando em todo mundo. Pior ainda é chegar na porta da casa noturna e ao ter q encarar a fila pra entrar, começar a esbravejar com os seguranças a clássica frase: " Você não sabe com quem está falando!". Agora, o fim da linha mesmo, é dormir na balada.

Esta pequena, mas significativa lista de mancadas foi elaborada por Ricardo Oliveiros, arquiteto, performer, curador, jornalista e promoter da festa Freak Chic da D-Edge. O rapas fala com propriedade de quem completa 30 anos de pista de dança e lançou um manual de estilo para as pistas, o "Pista Chic"
Como surgiu a idéia de criar um manual clubber?
Pista Chic começou de brincadeira, em 2005, na época que eu tinha fotolog. Comecei a homenagear um monte de gente da cena, cada um representava fundamentos que eu acho importantes e que estavam se perdendo. Pode até parecer meio xiita, saudosista, meio pedante, mas não é. Regrinhas básicas de convivência bem-humoradas. É uma versão clubber dos manuais de estilo e comportamento. A versão que vou lançar na Freak Chic é pocket, com 10 fundamentos para carregar no bolso. Aproveitem porque estas dicas eu recebi numa rave no Monte Sinai.
Qual a gafe de clubbers desavisados que mais te incomoda. Lista outras top 5, por favor.
Gente sem noção de qualquer ordem: de educação, de convivência, de espaço. A partir disso temos os tipos mais conhecidos:
1. Repetentes do ensino básico: gente que se esquece das 3 palavras mágicas: por favor, me desculpe e obrigado. Elas também servem para noite. Da porta do clube à porta do banheiro.
2. Militantes do Movimento Sem Chapelaria : você está lá na pista e de repente, vem aquela bolsa e começa a bater em você. Mochila, então? Geralmente nunca estão sozinhos (as), vêm junto dos cabelos-chicotes, dos que queimam você com cigarro, dos que pisam em você com patas-de-bode.
3. Imigrantes: freqüentaram muitas raves em espaços livres e acham que o espaço no club é o mesmo e começam a pular, saltar e usar seus malabares imaginários. Surpresa: a pista de club é menor que um rave.
4. Íntimas da Silva: você está geralmente no bar ou no banheiro, e vem uma pessoa que você nunca viu na vida (ou não se lembra, porque clubber que é clubber tem memória curta) te abraça, te beija, e começa ficar íntima do seu drink. Um “oi, tudo bem? Sou fulano”, ajuda muito. Esqueça a frase: “lembra de mim?”
5. Lexotans: o pior de tudo: dormir no clube. Sempre penso: antes do vexame completo, antes da queda, vaza. Tá com sono? Vai para casa. Gente que dorme na buati, é como um ralo por onde a vibe escoa. Não dá.
Como o pessoal vai estar podendo adquirir uma cópia do manual?
Ligando para 0800-69240-110 e digitando 1 se você é um youngster, 2 se você é véio de guerra... Brincadeira. A primeira edição foi distribuída gratuitamente (eba!) no dia 7 de dezembro na Freak Chic
Do jazz contemporâneo ao pula-corda das raves, que danças te chamaram mais atenção neste tempo todo?
Eu fico sempre impressionado com qualquer dancinha de pista. Mesmo antes do videoclipe reparou como de repente todo mundo passa a dançar parecido, seja aqui, em NY, Paris ou Tokio? Mas temos os clássicos como os funks originais da época do Chic Show, com toda pista dançando com os mesmos passos coreografados. Nos anos 80 tivemos várias, desde os desolados que dançavam contra a parede ao som dos Smiths, The Cure até dancinha meio robótica da new rave com Devo. Tem os B-boys de dança street, que para quem não sabe, Mau Mau era um expert no assunto. E o pogo? Todo mundo se batendo e incrível sem se machucar, no começo do Madame Satã? Tem o começo das almôndegas incentivadas pelo Mauro Borges e Bebete Indarte tanto na Nation quanto no Massivo. Gostava da energia do drum'n'bass, mas confesso que hoje já não tenho mais pernas para tanto. Eu adoro Vogue, que a Madonna espalhou, mas ver o Will Ninja considerado o pai da modalidade e que pertencia do clã do The House of Grace, é incrível. Numa noite destas o Gil Barbara me fez o desafio de dançar Nu Rave, e lá fui eu. Para cada vertente da música eletrônica sempre tem um passinho junto.
Qual é o tipo de DJ que te faz ficar definitivamente longe da pista?
Eu tive o privilégio de dançar para a maioria de DJs que amo nestes 30 anos. Quem me conhece sabe que eu entendo pouco de música, mas adoro uma pista. Sei dançando se o cara errou na virada. Agora, não é tanto a técnica que me atrai, mas odeio quando DJ cozinha o galo, segura a pista e não explode. Não estou falando de BPMs. É de DJ que não olha para pista, não se comunica com o público, que fica tocando para ele mesmo... Afe, fica tocando em casa, então!
Oliveiros na balada!
Fernanda Rocha


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